Sem insulina no SUS, a vida de diabéticos está em perigo
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) está em alerta com a possibilidade cada vez mais real da falta de insulina análoga de ação rápida no Sistema Único de Saúde (SUS), o que pode prejudicar muitos diabéticos.
Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) indica que o estoque atual do medicamento só deve durar até maio deste ano, o que preocupa pacientes e especialistas.
O Ministério da Saúde já realizou dois pregões para aquisição da insulina, mas não conseguiu atrair interesse das empresas fabricantes.
Diante disso, o Governo Federal abriu um processo de compra emergencial para atender o SUS, mas o presidente da SBD, Levimar Araújo, destaca algumas falhas no processo de aquisição, incluindo a falta de diversidade de categorias de insulinas nas licitações e a falta de independência de produção nacional.
Sendo assim, a situação é preocupante para os cerca de 13 milhões de brasileiros que dependem do SUS para o tratamento de diabetes.
As consequências da falta de insulina
O Brasil apresenta um alto número de pessoas diagnosticadas com diabetes, sendo o quinto país com maior incidência da doença no mundo, de acordo com o Atlas da Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
Aproximadamente 16,8 milhões de adultos entre 20 e 79 anos são diabéticos no país e a previsão é de que esse número aumente para 21,5 milhões em 2030.
A falta de medicamentos ou a interrupção do tratamento podem levar a complicações graves, como doenças coronárias, problemas de visão, renais e nervosos, podendo inclusive levar a óbito.
O presidente da SBD, Levimar Araújo, ressalta que o desencadeamento de outras doenças decorrentes da diabetes resulta em mais consultas médicas e internações, sobrecarregando o sistema de saúde.
É importante lembrar que a pandemia agravou ainda mais a situação, uma vez que mudanças nos hábitos de vida, como redução de atividades físicas e aumento da obesidade, contribuíram para o aumento da diabetes tipo 2.
Compra emergencial para o SUS
Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde teve que descartar um milhão de canetas de insulina de ação rápida que estavam vencidas, causando um prejuízo de R$ 15 milhões.
Um processo emergencial de aquisição de novas unidades foi aberto em janeiro, permitindo a participação de empresas com registro em agências internacionais e certificadas pela OMS.
O Ministério da Saúde está realizando um levantamento dos estoques de insulina em parceria com os estados e pode ressarcir os estados mediante compras descentralizadas.
A pasta conta com uma estratégia de apoio à produção local de produtos essenciais para o SUS com o intuito de reduzir a dependência do mercado internacional.
As insulinas regulares mais consumidas estão com estoque adequado, mas o caso da insulina análoga de ação rápida está sendo tratado com máxima prioridade junto aos fornecedores internacionais para garantir o atendimento da população.
O presidente da SBD destaca que a insulina análoga tem tecnologia mais avançada e oferece melhores resultados aos pacientes, sendo usada durante as refeições com ação rápida.
A versão anterior da insulina análoga permanece no corpo por mais tempo, o que pode dificultar o controle da glicemia e levar à hipoglicemia tardia, um quadro de baixa de açúcar no sangue que pode ser perigoso para a saúde do paciente diabético.