O perigo está nas estantes: Biblioteca venenosa alerta para livros antigos de capa verde!
Uma beleza mortal: Veja aonde chegou a fascinação pelo verde-esmeralda na Era Vitoriana e os riscos escondidos nas capas de livros antigos.
Durante a era Vitoriana, o Reino Unido foi tomado por uma verdadeira obsessão pelo pigmento verde-esmeralda. Descoberto em 1808, esse tom vibrante, feito à base de acetoarsenito de cobre, era amplamente utilizado na indústria têxtil, em papéis de parede, peças de decoração e até mesmo em capas de livros e brinquedos.
No entanto, o que muitos não sabiam na época era que esse pigmento tão popular era extremamente tóxico, contendo arsênio, uma substância altamente venenosa.
A fascinação vitoriana pelo verde-esmeralda foi tão intensa que até mesmo capas de livros eram revestidas com esse pigmento venenoso. No entanto, o perigo oculto nessas capas só foi descoberto recentemente, graças ao projeto Winterthur Poison Book Project.
Projeto Winterthur Poison Book Project
Criado com o objetivo de investigar os materiais usados nas capas de livros do período vitoriano, esse projeto utilizou a técnica de fluorescência de raios-X (XRF) para analisar a composição química de centenas de obras.
Os resultados foram surpreendentes: 101 livros foram identificados como contendo arsênio, incluindo exemplares adquiridos em sebos por valores acessíveis.
Essas encadernações venenosas são muito comuns em livrarias e coleções privadas, o que representa um risco para os leitores desavisados.
A Dra. Melissa Tedone, chefe do laboratório de conservação de materiais de biblioteca no Winterthur Museum, Garden & Library, alerta para a presença do arsênio em capas de livros verdes indetectados, que podem afetar a saúde de adultos que manuseiam essas obras.
O verde-esmeralda e a toxidade dos livros
O arsênio, um metal pesado tóxico e historicamente utilizado até como pesticida, foi identificado pela primeira vez em uma capa de livro durante uma análise realizada por Melissa, uma especialista em conservação, em uma edição do livro “Rustic Adornments for Homes of Taste”, que faz parte do museu onde trabalha.
Embora o número exato de livros que contenham arsênio ainda seja desconhecido, pesquisadores apontam que é muito comum em obras dessa época.
Melissa relembrou em uma entrevista ao National Geographic que o livro em questão era bonito, com uma cor verde vibrante e toques de dourado, mas estava em péssimas condições.
Ao examinar o exemplar no microscópio, percebeu uma excreção preta na superfície e o corante descamando facilmente na área em que estava trabalhando.
Isso despertou a curiosidade de Melissa, pois não parecia que o tecido era tingido, mas sim que a cobertura de goma estava misturada com algum tipo de pigmento.
Após diversas análises em laboratório, a substância arsênio foi identificada na cor da encadernação junto com resquícios de cobre.
Melissa acredita que pode haver milhares de livros verdes ao redor do mundo que contenham arsênio, especialmente em coleções antigas de livros do século 19.
É importante ressaltar que capas desse tipo de livro, podem conter traços desse componente químico e serem potencialmente perigosas.