Toxicologista da USP alerta: Ingestão e inserção de drogas é vida em jogo
As técnicas de inserção de drogas no corpo humano, como a ingestão de cápsulas ou a inserção na vagina e no reto, vêm ganhando atenção cada vez maior devido aos sérios riscos à saúde que elas acarretam. São efeitos potencialmente devastadores, como convulsões, desmaios por dor, intoxicação, rompimento de órgãos e até mesmo morte.
Esse tipo de introdução é geralmente realizado por ”mulas”, indivíduos encarregados de transportar a droga para diferentes regionais através de viagens. A droga, normalmente cocaína, é envolta em um material plástico, formando várias cápsulas ou pequenos saquinhos que são ou engolidos aos poucos para que fiquem no estômago durante a viagem ou inseridos na vagina e no reto.
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Quais são os riscos e consequências dessas técnicas de inserção de drogas?
Paula Carpes Victório, farmacêutica e mestra em toxicologia pela Universidade de São Paulo (USP), alerta para os riscos dessas técnicas. Segundo ela, é comum que as cápsulas estourem, liberando em nossa corrente sanguínea uma quantidade imensa de droga, devido ao ácido clorídrico (HCl) secretado pelo nosso estômago para a digestão dos alimentos.
O que acontece quando a cápsula com drogas estoura?
Quando a cápsula estoura, a droga é absorvida pela mucosa do estômago, da vagina ou do reto, entrando em contato com os vasos sanguíneos e alcançando o sistema circulatório. Os sintomas de uma overdose podem variar conforme o tipo de substância ingerida, podendo levar a convulsões, hemorragias e até mesmo à morte instantânea.
Mesmo que a cápsula não se rompa, os riscos permanecem consideráveis como dores intensas no estômago, vômitos, sangramentos por lesões nos órgãos e cólicas angustiantes.
Os tratamentos possíveis em caso de ingestão ou inserção de drogas
A abordagem de tratamento vai variar de acordo com o quadro clínico de cada caso. Em alguns casos, pode ser necessária lavagem hospitalar estomacal e intestinal, retirada por endoscopia, uso de carvão ativado para controlar a chegada da droga ao sangue e até a remoção manual via vagina ou ânus. Em situações de alto risco, quando há perfuração de órgãos, pode ser requerida uma cirurgia de emergência.
Paula Victório reforça que a ingestão ou inserção de drogas no corpo não é apenas um problema individual, mas social. Em muitos casos, as pessoas que se submetem a tais atividades procuram maneiras de sustentar suas famílias, colocando a própria vida em risco e, muitas vezes, deixando para trás crianças desamparadas.