Desvendando a nostalgia: De transtorno psiquiátrico do século XIX à emoção moderna essencial
Nostalgia: Das instituições psiquiátricas à compreensão moderna
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No final do primeiro ato do espetáculo musical “Cats“, um dos momentos mais aguardados é quando a personagem Grizabella canta “Memory”. A canção é um tributo à nostalgia, uma emoção complexa que envolve uma mistura de sentimentos, evocados ao rememorar momentos do passado. Aprimora a nossa capacidade de relembrar acontecimentos que nos marcaram, sejam eles positivos ou negativos, atuando assim, significantemente na preservação de informações úteis para o comportamento humano.

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A nostalgia foi um transtorno psiquiátrico?
A percepção dessa emoção mudou muito ao longo do tempo. No século XIX, a nostalgia era considerada um verdadeiro transtorno psiquiátrico. Os hospitais psiquiátricos proliferavam na Europa, destinados a isolar da sociedade e a tratar pessoas com transtornos psiquiátricos. No entanto, essas instituições não apenas cuidavam dessas pessoas, mas, em muitos casos, as torturavam em experimentos médicos para avanços científicos da época.
Fatores sociais, políticos e econômicos curso da história humana resultaram em êxodos massivos, como a migração irlandesa durante a Grande Fome da Batata de 1840 e o deslocamento dos chineses para os Estados Unidos para fugir da Guerra do Ópio de 1839. A nostalgia foi vista como uma doença que acometia fortemente aqueles que emigravam à força ou aqueles que saíam de casa em busca de uma vida melhor, a ponto de causarem a doença.
Como era o tratamento para a nostalgia?
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Nos campos de batalha, médicos tentavam tratar soldados que sofriam de uma profunda melancolia com bebidas à base de plantas e até mesmo sanguessugas medicinais. Quando necessário, os pacientes eram mantidos em isolamento, na crença de que a restrição de movimentos faria o cérebro “esquecer” o sentimento de nostalgia. Mas, a hospitalização e os tratamentos muitas vezes levavam à morte das pessoas.
A mudança na percepção da nostalgia
Já na virada do século XX, a nostalgia caiu em desuso e começou a ser confundida com a esquizofrenia, perdendo seu status de doença independente. A compreensão continuou evoluindo durante o século XX, culminando na definição atual da nostalgia como uma emoção de espectro misto. A pessoa que experimenta nostalgia pode sentir-se bem quando se encontra num bom momento emocional, mas em tempos de adversidade, a nostalgia pode se tornar uma depressão.
Hoje, qualquer pessoa que sofra de nostalgia persistente tem a opção de procurar ajuda de um profissional de saúde mental para entender melhor o que está acontecendo. E ninguém mais será perseguido, internado em hospitais psiquiátricos ou encarcerado por ser naturalmente “uma criatura ansiando por coisas que não tem”, como descrito pelo historiador Thomas Dodman.