Produtos de limpeza podem criar ‘superbactérias’, aponta pesquisa

Para muitas pessoas que prezam pela limpeza, os produtos de limpeza são vistos como heróis no combate a bactérias e germes. No entanto, um novo estudo revela que esses produtos podem, de fato, estar contribuindo para a criação de ‘superbactérias’ – organismos resistentes a antibióticos e antissépticos.

A investigação foi publicada recentemente na Nature Microbiology, e seus resultados indicam que o uso excessivo e indiscriminado de produtos de limpeza pode promover a resistência bacteriana. A equipe por trás do estudo consiste de especialistas da Universidade Macquarie, na Austrália, e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

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O que é a Acinetobacter baumannii?

O foco principal da pesquisa foi a Acinetobacter baumannii, uma bactéria comum encontrada em ambientes como o solo e a água, mas também em superfícies do cotidiano, como maçanetas e bancadas. Esta bactéria fácil de encontrar está na lista de “ameaças urgentes” do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos, devido à sua resistência a antibióticos.

Embora a Acinetobacter baumannii geralmente não represente um grande risco para pessoas saudáveis, ela pode ser extremamente perigosa para aqueles com sistema imunológico comprometido, podendo causar doenças graves, como pneumonia, meningite e infecções do sistema nervoso.

O que a pesquisa descobriu?

Os cientistas descobriram que a exposição a baixos níveis de biocidas comuns – como detergentes e antissépticos – pode aumentar a resistência bacteriana a esses produtos. Isso significa que, se pequenas quantidades de produto de limpeza forem usadas com pouca frequência, as bactérias presentes nessas condições podem se tornar resistentes aos produtos de limpeza, bem como aos medicamentos.

O que é resistência bacteriana e por que é problemática?

Resistência bacteriana é uma questão importante na ciência e na medicina moderna, uma vez que representa um grande desafio para o controle de infecções. Isso ocorre porque as bactérias se reproduzem rapidamente, ajustando-se e adaptando-se ao ambiente, e algumas delas experimentam mutações que as tornam resistentes a medicamentos e produtos químicos.

Se essas bactérias resistentes não forem eliminadas de maneira eficaz e rápida através de um regime de tratamento contínuo, elas podem se reproduzir e passar genes resistentes para a próxima geração de bactérias, tornando o tratamento cada vez mais difícil.

Este estudo avança nosso conhecimento sobre como a exposição a baixos níveis de produtos de limpeza pode alimentar a resistência bacteriana, trazendo à tona a necessidade de gerenciar o uso de biocidas para impedir a proliferação de ‘superbactérias’, principalmente em ambientes como hospitais, que fazem uso extensivo de antissépticos.