Entrevista com Sidarta Ribeiro: “O Brasil está bem atrasado no avanço da legislação sobre a maconha”
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O conhecimento sobre a maconha e sua utilização terapêutica tem se intensificado no mundo todo. A planta, cujo uso medicinal é milenar, e sua legalização têm sido pautas constantes em diversos países, contudo, o Brasil parece caminhar a passos lentos nessa direção. Conversamos com o renomado neurocientista Sidarta Ribeiro sobre essas questões e os cenários possíveis para o país.
Sidarta Ribeiro é autoridade no uso terapêutico da maconha e de outras substâncias psicodélicas e acaba de lançar o livro “As Flores do Bem”, onde conecta ciência, política e economia ao tema. Durante a conversa, Ribeiro não apenas discorre sobre a maconha, mas também sobre a esperança que substâncias psicodélicas apresentam para o tratamento de diversos males, ampliando a discussão para além da cannabis.
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Como a legislação sobre maconha no Brasil compara-se com a de outros países?
Ao ser indagado sobre a situação do Brasil em relação a legislação da maconha, o neurocientista destaca que o país está bem atrasado. Embora tenha havido avanços significativos, ainda nos encontramos em um vácuo regulatório o que justifica o grande número de pedidos de habeas corpus para o cultivo doméstico e a existência de diversas associações nesse contexto.
A liberação da maconha é uma questão ideológica?
Para Ribeiro, a pauta da maconha ultrapassa a polarização de esquerda e direita, pois existem pessoas em ambos os lados que defendem a legalização com motivos distintos. Contudo, ainda enfrentamos uma parcela da população que fomenta o pânico moral contra a maconha, geralmente associada à questões raciais e religiosas.
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Há evidências contundentes do uso terapêutico da maconha?
Apesar das lacunas na pesquisa relacionada à cannabis devido aos custos elevados dos estudos clínicos, já há comprovação para alguns usos terapêuticos da maconha. A planta tem se mostrado de grande eficácia no tratamento de epilepsia, dor neuropática, efeitos adversos da oncoterapia e até certos tipos de tumores.
Os psicodélicos podem ser a resposta para traumas e depressões?
Desviando o assunto para outra esfera, o neurocientista ressalta o potencial dos psicodélicos no tratamento de traumas e depressões. Apesar do destaque, Sidarta Ribeiro destaca o que ele chama de complexidade do sistema terapêutico, que inclui a interação entre terapeuta, paciente, substância e o contexto de administração, reforçando a importância de não centrar a atenção apenas na substância em si.
Finalizando a entrevista, o autor reflete sobre a relevância do lançamento do seu livro “As Flores do Bem” em um contexto de avanços legais, mas também de desinformação. Riobeiro exprime sua motivação em conectar os temas de ciência, política e economia, com sua experiência pessoal de forma acessível, tornando-a uma preciosidade para quem deseja entender mais sobre a discussão da legalização da maconha e o uso de psicodélicos em terapias.