Doenças reumáticas: Desafios na detecção e tratamento em 2023

Estima-se que, no Brasil, mais de 15 milhões de pessoas são afetadas por algum tipo de doença reumática. São mais de 100 tipos diferentes dessas patologias, que afetam o aparelho locomotor (ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos) e podem também comprometer rins, coração e pulmão. Entre elas, destaca-se a doença que acomete Mariana, uma das muitas brasileiras diagnosticadas com uma condição reumática.

As doenças reumáticas, como explica Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, são autoimunes. Ou seja, são condições em que o organismo se incompatibiliza ou não reconhece suas próprias células. Em consequência disso, o corpo acaba produzindo uma reação inflamatória que pode levar a lesões.

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O que são as doenças reumáticas mais comuns?

Algumas doenças reumáticas mais comuns incluem a osteoartrite (mais conhecida como artrose), fibromialgia, osteoporose, tendinite, bursite e artrite reumatoide. De acordo com o médico Rafael Navarrete, presidente do Congresso Brasileiro de Reumatologia, a doença reumática mais frequente é a artrose.

Quem pode ser afetado pelas doenças reumáticas?

A maioria das pessoas tende a pensar que as doenças reumáticas são exclusivas dos idosos. No entanto, qualquer pessoa, independente da idade, pode ser afetada. Mariana é um exemplo disso: é uma pessoa mais jovem que está enfrentando esse tipo de afecção.

Por que o diagnóstico precoce é importante?

A doença da Mariana, como muitas outras, progrediu de forma silenciosa. O diagnóstico veio só quando começaram os sintomas e a dor. Essa é uma realidade comum: muitas pessoas buscam o reumatologista apenas quando sentem dor. Mas, como a osteoporose, algumas doenças reumáticas podem evoluir silenciosamente e comprometer a efetividade do tratamento caso o diagnóstico demore.

Tendo isso em conta, especialistas na área ressaltam a importância do diagnóstico precoce. Conforme José Eduardo Martinez, membro da Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes Dolorosas de Partes Moles da Sociedade Brasileira de Reumatologia, conseguir intervir logo no início muda todo o rumo da evolução da doença.

Como é o acesso ao tratamento?

Apesar das dificuldades, Mariana conseguiu ter o acesso ao tratamento necessário através do SUS, que disponibiliza tratamentos para sua doença e muitas outras reumáticas. O principal desafio estão nos tratamentos complementares, como fisioterapia, RPG e acompanhamento nutricional, que nem sempre estão ao alcance de todos.

No entanto, avanços estão sendo feitos para melhorar a situação. Recentemente, o Congresso aprovou um projeto de lei para regulamentar o tratamento da fibromialgia e fadiga crônica pelo SUS, o que incluiria o acesso a um tratamento multidisciplinar e exames complementares.

Em termos gerais, os especialistas acreditam que os tratamentos para as doenças reumáticas podem melhorar muito a qualidade de vida do paciente. Ivanio Alves Pereira, diretor científico da Sociedade Brasileira de Reumatologia, ressalta que vários medicamentos biológicos têm obtido sucesso em frear a progressão dessas doenças, trazendo muito mais qualidade de vida, longevidade e sobrevida para o paciente.

Ainda assim, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde precisa se manifestar sobre os tratamentos disponíveis no SUS para essas doenças e sobre a dificuldade em obter tratamentos complementares. Isso ajuda a iluminar o longo caminho que ainda temos pela frente para garantir que todas as pessoas que sofrem de doenças reumáticas tenham acesso ao tratamento de que necessitam.