Em agosto de 2023, o apresentador Fausto Silva, conhecido como Faustão, chamou atenção para um desafio vivido por milhares de brasileiros: a espera por um transplante.
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Aos 73 anos, o apresentador estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, aguardando por um coração.
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Mas Faustão está longe de ser a única pessoa nesta situação. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 65 mil brasileiros esperam na fila de transplantes, e 380 aguardam por um coração.
Os dados refletem a realidade do Brasil, que tem uma das maiores filas do mundo, mas também possui o maior sistema público do globo.

O sistema de transplante no Brasil: o que os especialistas dizem?
O Brasil é o segundo maior realizador de transplantes, perdendo apenas para os Estados Unidos – que possuem um sistema privado.
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No ano de 2022, foram realizadas quase 26 mil cirurgias no país, 359 delas sendo de coração. Contudo, quando se trata do funcionamento do sistema, os especialistas divergem.
Para Alcindo Ferla, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em saúde pública, a estrutura brasileira é “reconhecida internacionalmente por ser inteiramente pública e oferecer serviços em um país gigantesco e muito povoado”.
Quais são os desafios enfrentados pelo sistema de transplantes brasileiro?
Apesar dos elogios, o sistema apresenta pontos a serem melhorados. Segundo o médico Leonardo Borges de Barros e Silva, a exemplo de outros engrenagens do Sistema Único de Saúde (SUS), o processo de doação e transplante no Brasil está subfinanciado.
“A espera por um órgão pode variar conforme o estado do Brasil em que o paciente está. Os índices de doação também variam muito entre as regiões do país.”, aponta.
Outro gargalo está na efetivação da doação. Muitas famílias ainda hesitam em liberar a doação após o falecimento de entes queridos.
Para complicar, nem todas as equipes hospitalares estão totalmente preparadas para lidar com esta situação, impactando na eficiência do processo.
A origem do sistema atual no Brasil
O primeiro transplante realizado no Brasil foi em 1968. Contudo, o sistema que conhecemos hoje só foi implementado em 1997, sendo inspirado, entre outros, no modelo espanhol. Este é considerado um dos melhores do mundo.
A legislação brasileira prevê a existência de dois tipos de doador: o vivo ou o falecido. No caso do doador vivo, podem ser cedidos um dos rins, uma parte do fígado, parte dos pulmões ou medula óssea. Já o doador falecido pode doar tecidos, órgãos ou partes do corpo.
Apesar das críticas existentes, o sistema de transplante brasileiro segue como exemplo de transparência e justiça.
Como diz Alcindo Ferla, “Nenhum médico ou autoridade pode decidir nada sozinho no processo, seja no momento da doação ou do transplante”.
Fica claro que desafios e progressos coexistem na realidade do transplante no Brasil. No fim da jornada, a história de Faustão é apenas um reflexo dos milhares de brasileiros que esperam por um transplante em busca de uma nova chance – seja ela tocada por um coração novo ou não.