Quem é Yevgeny Prigozhin e porque sua morte pode ter sido uma ação militar russa?
Na última quarta-feira, dia 23 de agosto, um jato particular caiu na Rússia levando à morte de dez pessoas que estavam a bordo.
Uma dessas pessoas é Yevgeny Prigozhin, o que levantou um questionamento mundial sobre a verdadeira causa do “acidente”.
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Isso porque Yevgeny Prigozhin é o líder de um grupo mercenário russo que atualmente estava atuando na guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
O grupo de “exército privado”, autointitula-se ‘Wagner’ em referência a um de seus comandantes iniciais que idolatrava o compositor e maestro Richard Wagner.
Ainda que Wagner tenha vivido muito antes do surgimento do nazismo, suas obras de caráter antissemita e de forte nacionalismo, levaram os nazistas a considerá-lo como um artista esplêndido.
O que é o ‘Wagner’ e porque a morte de Yevgeny Prigozhin é importante?
Para compreender o grupo é necessário retroceder um pouco na história e compreender a vida de Yevgeny Prigozhin.
Yevgeny, é natural de São Petersburgo, cidade natal de Vladimir Putin. Lá, o líder do grupo mercenário foi preso pela primeira vez aos 18 anos, por roubo, e anos depois preso novamente também por roubo e furto.
Ao ser solto pela segunda vez montou uma barraca de cachorro-quente e em 1990 com mudanças nas leis do país em alguns anos conseguiu aumentar seu negócio para uma grande rede de restaurantes.
Yevgeny Prigozhin por meio de sua rede de restaurantes caros, passou a ter contato com diversas pessoas poderosas e influentes, tanto dentro, quanto fora do país.
Foi por meio de seus restaurantes também que conheceu Vladimir Putin, já então presidente da Rússia.
Mas foi apenas em 2014, em que o conflito com a Ucrânia se iniciava, que Yevgeny Prigozhin começou a apresentar ser mais do que apenas um empresário.
Ainda que se estipulasse a existência de Wagner e sua atuação na Síria e no Mali, não haviam provas que ligassem Prigozhin ao grupo, ainda que já fosse clara a sua existência.
As Nações Unidas não aceitam a presença de grupos mercenários ou ‘exércitos privados’, e essa postura é compartilhada também pela Rússia.
Em razão disso, o Parlamento Europeu solicitou que ‘Wagner’ fosse considerado como um grupo terrorista, e como resposta, políticos receberam uma marreta coberta de sangue – modo de tortura do grupo.
Porém, foi apenas em 27 de julho de 2022 – após anos de negação – que a imprensa do Kremlin, confirmou a existência do grupo e revelou que estavam lutando no leste da Ucrânia.
A partir deste momento, Yevgeny Prigozhin passou a publicar vídeos supostamente gravados em zona de guerra vangloriando seu grupo e seus “feitos”.
Com a intensificação do conflito, a Rússia chegou até mesmo a autorizar que Prigozhin, recrutasse pessoas que estavam presas em penitenciárias no país.
Apesar de todas essas atitudes, o Kremlin continuava a apoiar o grupo, até que seu líder passou a fazer duras críticas e até acusações de traição contra membros do alto escalão do governo russo.
Porém o estopim foi quando em junho deste ano montou um motim contra Moscou por menos de 24 horas.
Em razão desse motim e da troca de ameaças, o grupo ‘Wagner’ e o Ministério da Defesa da Rússia cortaram ligações e Putin declarou Yevgeny Prigozhin como um traidor.
Desde então, os meios de inteligência da Rússia consideram Prigozhin um homem marcado para morrer.
Esse fato, levantou a dúvida sobre a queda do jato particular na última quarta-feira, teria sido um acidente ou uma ação militar?