Estelionato em alta: Brasil enfrenta crescimento pós-pandemia de golpes e fraudes
A pandemia de covid-19 foi um dos maiores problemas atuais para a sociedade e muitas de suas “cicatrizes” somente começam a aparecer agora. Segundo os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os casos de estelionato aumentaram em cerca de 326% de 2018 para 2022.
- Publicidade -
Na última quinta-feira (20) foi divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, o qual mostrou que no ano anterior (2022), foram registrados 1.819.409 casos de estelionato no país.
Leia mais:
Funcionário de escola é absolvido de assédio sexual porque crime ‘teria sido rápido’!
- Publicidade -
Como medida de comparação, esse número significa que são cerca de 208 casos a cada hora, 5 mil ao dia e cerca de 151,6 mil por mês. De acordo com Renato Sérgio de Lima, o diretor-presidente do FBSP:
“É uma tendência que começa muito pela pandemia, período em que as pessoas ficaram em casa e a integração das pessoas era online. Sem carro na rua, não tinha roubo num farol ou em frente a escolas. Se antes havia 100 estelionatos com golpe na esquina, agora são muitos mais. É difícil para a polícia investigar tantos casos”.
Isso pois, os casos de estelionato são normalmente associados a práticas de golpes por meio de conversas pessoais.
Contudo, tem ficado cada vez mais comum casos de estelionato praticados por meio de eletrônicos, sejam celulares, tablets ou computadores.
Com os dados revelados pelo Anuário, é possível perceber esse aumento, visto que, em 2021, ocorreram 120.470 casos, enquanto em 2022, foram 200.322 casos, configurando desta forma um aumento de 66,2%.
- Publicidade -
Porque houve um aumento tão grande nos casos de estelionato?
De acordo com Lima, o aumento dos casos de estelionatos não estão apenas associados ao fato de que as pessoas ficaram em casa durante a pandemia e passaram mais tempo na rede.
Segundo o diretor-presidente, na realidade os estelionatos em geral, estão aumentando pois para o crime organizado eles são mais vantajosos.
Isso porque, crimes violentos primeiramente possuem penas maiores, e também costumam chamar muito mais atenção para investigações.
Tal qual Lima explica:
“O golpe vai na sorte; de 100 casos, um ou dois são investigados. Quando vamos olhar para a investigação, agrega-se ao problema o perfil dos policiais civis no Brasil. São muitas polícias sem concurso há vários anos, os agentes não têm formação tecnológica de última geração. Os profissionais não são necessariamente formados em ambiente virtual, isso dificulta investigar crimes virtuais”.
Portanto, não apenas os crimes de estelionato chamam menos atenção, como também há pouco preparo para as suas devidas investigações, o que por vezes, condiciona os criminosos a continuar operando.
