Carrapato-estrela revela potencial alvo para vacina contra a febre maculosa
Uma esperança para combater a febre maculosa começa a surgir com um recente estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisa, que está sendo realizada no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, identificou um possível alvo para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença.
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No Brasil, a febre maculosa é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e transmitida pelo carrapato-estrela, especialmente na região do Cerrado e em áreas degradadas da Mata Atlântica.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, nos últimos três anos, foram registrados, em média, 160 casos por ano, com uma letalidade de cerca de 28%. Recentemente, três mortes confirmadas pela infecção foram registradas no Estado de São Paulo.
Os principais sintomas da doença incluem febre alta e súbita, dor de cabeça, abdominal e muscular, além de erupções no local da picada do carrapato. O tratamento imediato com antibióticos é recomendado para evitar o agravamento do quadro.
Qual o objetivo do estudo sobre a vacina contra febre maculosa?
O objetivo do estudo, que conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é reduzir o crescimento da bactéria e tornar o carrapato-estrela mais resistente à infecção.
Por meio da alimentação dos aracnídeos com sangue de coelhos infectados e não infectados por R. rickettsii, os pesquisadores esperam silenciar a expressão gênica da principal proteína inibidora da apoptose, a inhibitor of apoptosis protein (IAP).
Durante o experimento, foram observadas taxas de mortalidade dos carrapatos-estrela acima de 92%, destacando a importância da IAP para sua sobrevivência.
Além disso, a pesquisa indica que a alimentação do carrapato, independentemente de estar infectado, gera radicais livres que ativam a apoptose. Isso sugere que, com a IAP silenciada, os carrapatos não conseguem sobreviver.
Quais são os próximos passos da pesquisa?
Os próximos passos da pesquisa incluem confirmar se a alimentação sanguínea realmente promove apoptose pela produção de espécies reativas de oxigênio e, possivelmente, expandir os experimentos para outras espécies de carrapato.
Isso é essencial para a criação de uma possível vacina contra a febre maculosa, visto que o carrapato-estrela é um reservatório de Rickettsia rickettsii no ambiente, podendo transmitir a bactéria para gerações consecutivas de carrapatos.
Qual seria o impacto de uma vacina contra febre maculosa?
Além da importância médica, com a diminuição da transmissão da bactéria para seres humanos, os pesquisadores destacam o impacto econômico que uma vacina capaz de diminuir a densidade populacional do carrapato-estrela teria na pecuária.
Isso ocorre porque o carrapato afeta também outros animais que estejam à disposição, como o gado, causando anemia e marcando seu couro.
Apesar de ainda não haver estimativa de valores de prejuízos para a atividade, já existem relatos de aumento da infestação.
Com esses avanços na pesquisa, há a esperança de que a vacina contra a febre maculosa se torne cada vez mais próxima da realidade, trazendo benefícios não só para a saúde pública, mas também para a pecuária brasileira.