Perfis no TikTok usam miséria na Cracolândia para ganhar dinheiro
Usuários do TikTok exploram Cracolândia, violando direitos humanos em busca de dinheiro e engajamento. Entenda mais sobre a situação.
No Centro de São Paulo, na região conhecida como Cracolândia, usuários do TikTok têm viralizado vídeos que exploram a situação de vulnerabilidade das pessoas que consomem drogas no local.
Além de mostrar cenas do cotidiano desses usuários de entorpecentes, eles realizam transmissões ao vivo e arrecadam dinheiro com a ajuda dos seguidores que apoiam os criadores de conteúdo com presentes virtuais. Esse método de monetização foi recentemente implementado pela plataforma.
Leia mais:
Adolescente morre após desafio perigoso no TikTok envolvendo overdose de antialérgico
De acordo com informações do G1, um dos perfis que estava realizando lives sobre a Cracolândia tinha como objetivo arrecadar dinheiro e engajamento dos espectadores.
A pessoa por trás do perfil chegou a prometer que jogaria moedas pela janela caso atingisse a marca de 10 mil seguidores. Entretanto, a conta foi excluída antes que isso acontecesse.
Além disso, o perfil também criava notícias falsas, como a existência de um auxílio governamental chamado “Bolsa Crack”.
O que pensam especialistas e autoridades sobre a exploração dessa vulnerabilidade no TikTok?
Esse não é o único perfil a explorar a vulnerabilidade dos usuários de droga na Cracolândia. Muitos outros estão postando conteúdos diariamente utilizando a hashtag “Cracolândia” e mostrando a situação caótica do Centro de São Paulo.
Um levantamento realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) a pedido da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas revelou que a estimativa do número de frequentadores da Cracolândia é de 1.343 pessoas, com variações ao longo do dia. Quase 40% deles vivem no local há mais de uma década.
Essa prática constitui violação dos direitos humanos?
Priscila Akemi Beltrame, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, afirmou ao G1 que a disseminação de tais conteúdos pela rede social representa uma clara violação aos direitos humanos, visto que a população vulnerável tem direito à privacidade.
Qual o papel das plataformas de mídia social nessa questão?
Diante desse cenário, é essencial que as plataformas de mídia social, como o TikTok, assumam a responsabilidade de coibir esse tipo de ação, que explora a vulnerabilidade de pessoas em situação de risco e afeta sua dignidade.
O debate sobre o papel das redes sociais na disseminação de conteúdos nocivos e a necessidade de maior controle e fiscalização tem se intensificado, e casos como esse demonstram a relevância dessa discussão para a proteção dos direitos humanos.