Presidente da Funai apura compra polêmica de 19 toneladas de bisteca
O Presidente da Funai busca resolver o desaparecimento de 19 toneladas de bisteca destinadas a indígenas na Amazônia, do Vale do Javari. Veja!
Em meio a preocupações crescentes com o bem-estar e a segurança alimentar das comunidades indígenas no Brasil, uma controvérsia recente despertou indignação e questionamentos.
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, determinou uma investigação sobre a compra de 19 toneladas de bisteca que nunca chegaram às mãos dos indígenas do Vale do Javari, localizado no Amazonas.
De acordo com fontes, a carne seria destinada aos indígenas e servidores da Funai que atuam na região, conhecida por abrigar o maior número de povos isolados do país.
No entanto, as bistecas não foram incluídas nas cestas básicas distribuídas às famílias, levantando questões sobre o destino e a responsabilidade pelo sumiço do alimento.
Polêmica nas redes e no Vale
Nas redes sociais, a pergunta “Cadê a bisteca?” viralizou, tornando-se uma das principais discussões entre internautas e representantes de organizações indígenas.
A falta de transparência e prestação de contas nesse caso tem gerado crescente indignação e exigências por respostas.
Bushe Matis, coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), expressou sua frustração com a situação: “Nós não recebemos alimentação. Fazer a aquisição e enviar para a aldeia não existe”.
A voz das lideranças indígenas ecoa a decepção e a falta de confiança em relação ao suposto fornecimento de alimentos.
Os contratos de compra das bistecas foram assinados durante o governo de Jair Bolsonaro, e um deles permanece em vigor na atual gestão.
Os recursos financeiros destinados a essa aquisição permitiram a compra de carne congelada, mesmo sabendo que as comunidades indígenas não possuem refrigeradores ou outros meios adequados para armazenar esse tipo de alimento.
Além disso, dois fornecedores estão localizados em Manaus, a mais de 1 mil quilômetros das aldeias, levantando questões sobre a viabilidade logística e o planejamento envolvidos nessa operação.
Respostas da Funai
Em resposta às revelações, a presidente da Funai, Joenia Wapichana, mobilizou a equipe técnica do órgão para investigar o ocorrido.
“Eu vou apurar as informações, pois se trata de atos da gestão anterior e para tanto preciso que se apure junto aos departamentos competentes internos na Funai”, afirmou Joenia.
No entanto, a Funai ainda não forneceu esclarecimentos oficiais sobre o assunto, aumentando a ansiedade e a insatisfação das comunidades indígenas afetadas.
Tanto os indígenas que aguardavam a entrega das bistecas quanto um comerciante responsável pelo envio confirmaram o sumiço do produto.
Além disso, a funcionária da Funai responsável por assinar o contrato de compra admitiu que parte dos alimentos chegava sem condições de consumo e que seguia ordens superiores para entregar tudo, mesmo que houvesse desperdício de dinheiro público.
Mislene Metchacuna Martins Mendes, atual diretora de administração e gestão da Funai, afirmou que nem tudo que compõe a cesta básica é adequado para os indígenas e que a compra de carne foi um desperdício de recursos públicos. As lideranças do Vale do Javari afirmaram que a entrega de alimentos nunca aconteceu.
Bushe Matis, coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), declarou que a aquisição e envio de alimentos para as aldeias não é prática comum.