Descubra como identificar se você foi vítima de violência obstétrica
Um caso que aconteceu no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, ganhou repercussão nacional e virou caso de polícia. Isso porque um bebê morreu após um parto induzido, feito por meio da manobra de Kristeller.
A manobra de Kristeller é uma técnica obstétrica que consiste em pressionar o abdômen da gestante com as mãos durante o parto, com o objetivo de ajudar na saída do bebê. Esta manobra é controversa e não é mais recomendada pela maioria das organizações médicas, devido aos riscos e complicações associados. Saiba mais!
Caso de violência obstétrica
Segundo o advogado especialista em direito médico Idalvo Matos, quando a manobra é usada, é caracterizada como violência obstétrica.
A violência obstétrica é definida como qualquer conduta abusiva, negligente ou desrespeitosa praticada por profissionais de saúde durante o pré-natal, parto, pós-parto e abortamento, que cause dano físico, emocional ou psicológico à mulher.
É uma manobra proscrita, que não é mais aceita como prática médica porque estudos científicos robustos já demonstraram que ela é prejudicial tanto para a mãe, quanto para o bebê. Então, quando ela é usada é uma violência obstétrica, disse o advogado.
A manobra de Kristeller pode ser extremamente dolorosa para a mãe e causar danos musculoesqueléticos permanentes, como lesões na coluna vertebral, deslocamento de vértebras e lesões nas articulações.
Ainda segundo Idalvo, é direito da mulher decidir a forma do parto. Assim, caso a mãe sinta o desejo de dar à luz de forma cesárea, o desejo precisa ser atendido, desde que não coloque em riscos à mãe e bebê.
“O médico precisa ter uma justificativa clínica para negar a vontade da gestante. Isso geralmente acontece em casos de urgência e emergência médicas, quando a vida da paciente ou do bebê correm risco e é preciso agir rápido. Ainda assim, essa justificativa precisa constar no prontuário médico e isso dá uma garantia tanto para o profissional, quanto para a mãe”, explicou o médico.
Todas as escolhas da mulher gestante devem estar no plano de parto, que é nada mais do que uma ferramenta que ajuda a gestante a se preparar para o parto e a se comunicar com sua equipe de cuidados de saúde.
Esse documento geralmente inclui informações sobre as preferências da gestante em relação ao local do parto, o uso de medicamentos para alívio da dor, a posição durante o parto, a presença de acompanhantes, o tipo de parto (normal ou cesárea), o contato pele a pele com o bebê após o nascimento, a amamentação, entre outros aspectos.
O plano de parto é uma das maneiras de evitar que violência obstétrica aconteça e que a vontade da mulher seja feita.