3 a cada 10 educadores possuem autores negros na grade curricular
Embora uma grande parte dos educadores achem importante debater sobre racismo, apenas três em cada dez trabalham com autores negros em sua grade curricular.
A Associação Nova Escola, uma organização de impacto social sem fins lucrativos, realizou uma pesquisa em que ouviu 1854 professores. O levantamento mostra que metade já presenciou situações em que o racismo foi praticado no ambiente escolar.
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A pesquisa acerca dos autores negros no ambiente escolar
Ainda, a média destes profissionais, dos que se declaram pretos e pardos, que vivenciaram situações de racismo é maior que a média nacional. Os entrevistados que se classificaram como pretos ou pardos representam 47,1%.
Um percentual de 85% dos professores sabem da existência de uma lei que exige a inclusão do ensino de história e cultura afro-brasileira na grade. Para haver um cenário positivo, é necessário um incentivo para a promoção de tais leituras.
Diante disso, seis a cada dez professores não sabem ou afirmam que não existe investimento para a promoção das disciplinas citadas acima em suas escolas. Há ainda certa preocupação em trabalhar o tema da Educação Antirracista no ambiente escolar.
Tal preocupação vem de 67,21% dos educadores. 55% não souberam responder ou disseram não ter referências da pedagogia africana ou afro-brasileira em sua prática docente.
Autores negros mencionados na pesquisa
A pesquisa mostra ainda que, dois em cada dez profissionais citaram referências de autores usados em sala de aula. Literatos como Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Machado de Assis e Milton Santos são nomes comuns entre os entrevistados.
O número reduz quando o percentual de profissionais citaram referências pedagógicas africanas ou afro-brasileiras na sua prática escolar, sendo 10%. Dessa vez, surgem autores como, a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, a norte-americana Bell Hooks e o sul-africano Nelson Mandela.
Simone Reis, gerente de Gente & Gestão e Diversidade da Nova Escola, explica que os autores negros e a história africana e afro-brasileira precisam ser trabalhados nas escolas.
Ela explica: “A escola pode ser um dos piores lugares para as crianças negras, que aprendem sobre história vendo os negros chegando ao Brasil infelizes, como escravos, apenas para servir aos brancos.”
Simone ressalta também a finalidade de reforçar a representatividade e auxiliar no combate ao racismo, bem como ratificar que o povo preto não vive de sofrência 100% do tempo.
Ela completa: “Mas essa não é a história completa dos povos negros, a representatividade precisa ser contada também de forma positiva para que as crianças se sintam confortáveis com a sua identidade, valorizando as nuances, especificidades e potências dos negros.”
Regiões desses educadores
Abordando as regiões que educadores negros residem, o maior percentual é visto no Norte e no Nordeste, 75,9% e 74,5%, respectivamente. Já no Sul, apenas 24,5%. Os números sobem no Sudeste, sendo 42,1% e no Centro-Oeste, 55,2%.
78,4% dos participantes são do sexo feminino. Cerca de 14% dos educadores declararam ter sido vítimas de discriminação; entre pretos e pardos, esse percentual sobe para 23,71%.